Intervenção nas margens do Rio Leça já avançou
A Associação de Municípios, Corredor do Rio Leça, em colaboração com a Agência Portuguesa do Ambiente, assinalou o Dia Mundial do Ambiente, esta segunda-feira, com a cerimónia de consignação da empreitada no âmbito da candidatura REACT – EU para a intervenção que começou nas margens do Rio Leça e alguns dos seus afluentes.
A cerimónia contou com a presença dos quatro presidentes de Câmara que integram a associação – Santo Tirso, Alberto Costa, Valongo, José Manuel Ribeiro, Maia, António Silva Tiago, Matosinhos, Luísa Salgueiro, do Vice-Presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, Pimenta Machado e do Secretário de Estado do Ambiente, Hugo Polido Pires.
No local escolhido, junto à Lipor II, vai ser construído um viveiro de plantas aquáticas e um charco de grandes dimensões para a promoção da biodiversidade, diminuir cheias e acelerar a recuperação ecológica do rio.
Transformar o Leça num rio “com boa qualidade da água”. É essa a meta da Associação de Municípios, afirmou o seu Presidente. Para isso, “precisamos de 40 milhões de euros, nos próximos anos, para que cada município possa desenvolver o corredor do rio Leça”. Foi esse apoio que pediu ao Secretário de Estado e ao Vice-Presidente da APA porque “sei que estão de alma e coração com este projeto”.
António Silva Tiago relembrou os autarcas que já sonhavam com a recuperação do curso de água. Um projeto que tardou a ser colocado em marcha, mas, “felizmente”, agora foi possível avançar. “Hoje, é possível e está à vista de cada um de nós que está a participar ativamente no processo.
“Nós vamos limpar o rio e colocá-lo a nu para que se veja, com a ajuda dos guarda-rios, onde estão os prevaricadores e por ordem neste recurso hídrico”. E isso vai ser feito agora com quatro frentes de obra, uma em cada concelho.
Com uma agenda preenchida por se tratar do Dia Mundial do Ambiente, o Secretário de Estado do Ambiente, Hugo Polido Pires, congratulou-se por começar “bem” o dia de trabalho, com um projeto positivo. “Os autarcas tiveram a visão de criar a associação e é o projeto com mais força que tenho visto”.
Mas agora, salientou Hugo Polido Pires, é preciso “apostar na massa de água” até porque nesta altura do ano, Portugal já consumiu os recursos disponíveis para este ano. Daí que para garantir o futuro tenhamos que avançar já para o tratamento dos nossos recursos”, afirmou.
Centrando a sua intervenção na necessidade de melhorar a qualidade da água, o Vice-Presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, Pimenta Machado, salientou a necessidade de melhorar as Estações de Tratamento de Águas Residuais que existem ao longo do rio Leça. “É preciso melhorá-las para melhorar a qualidade da água”. “Há uma grande expectativa por parte da população em relação a este projeto, que tem sido um exemplo para outros municípios e outros países”.
O Projeto
A face mais impactante do projeto é a intervenção nos 71 km de toda a extensão do rio Leça, nas duas margens e principais afluentes que iniciou. O apoio financeiro, vai ser aplicado diretamente em intervenções em cada propriedade marginal, sem quaisquer custos para os proprietários.
Esta componente do projeto vai recolher resíduos, retirar a vegetação exótica invasora, intervir nas margens através de engenharia natural, protegendo-as da erosão e das cheias, beneficiar a paisagem e biodiversidade, replantar as margens, aumentar a qualidade da água e a sua abundância nos períodos mais secos.
Vão ser recuperados 20 açudes, mantendo a sua continuidade ecológica com rampas para os peixes já existentes e outros, que chegarão no futuro.
Vão ser ainda criadas 20 micro reservas, cada uma com um guia de gestão para promoção da biodiversidade em diversos contextos: urbano, florestal, agrícolas e infraestruturas viárias.
O projeto contempla também a criação de um viveiro de plantas aquáticas e peixes autóctones para reprodução e posterior recolonização de locais afetados por décadas de poluição que erradicaram plantas e peixes autóctones.
Através do REACT vão ser criadas duas zonas húmidas de grande dimensão em terrenos cedidos pela LIPOR e APDL para a promoção da biodiversidade e acelerar a recuperação ecológica do rio.
O Corredor do rio Leça tem 2100 ha de zona de intervenção prioritária. Nos seus 4 municípios vive 1⁄2 milhão de habitantes e pretende ser um eixo de mobilidade descarbonizada, uma infraestrutura azul e verde para servir a área metropolitana. É um exemplo de cooperação em torno de um rio e uma forma de governança cooperativa e complementar.