Maia comemorou Revolução dos Cravos

Para assinalar os 48 anos desde a Revolução dos Cravos de 1974, a Assembleia Municipal da Maia convidou os munícipes para uma Sessão solene comemorativa, no Salão Nobre dos Paços do Concelho, dois anos depois da pandemia ter colocado em standby todas as iniciativas presenciais. Esta segunda-feira, regressaram as comemorações e sem máscaras.

Antes da sessão solene, na Praça do Município atuaram as duas Bandas de Música do concelho – Banda Marcial de Gueifães e Banda de Música de Moreira da Maia. A cerimónia foi enriquecida com a presença na parada do Serviço Municipal de Proteção Civil, da Polícia Municipal e do núcleo da Maia da Cruz Vermelha Portuguesa. Seguiu-se a cerimónia protocolar do hastear das bandeiras pelos presidentes da Assembleia e da Câmara Municipal, ao som do Hino de Portugal.

No Salão Nobre, a primeira intervenção foi do Presidente da Câmara Municipal da Maia. António Silva Tiago considera que uma das melhores e, a seu ver, mais conseguidas formas de concretizar o 25 de abril, foi através do poder local democrático. “…muitos milhares de concidadãos nossos foram eleitos autarcas e, desse modo, puderam representar os seus eleitores, tomando voz ativa e tendo intervenção efetiva na definição e na governação dos destinos das comunidades que os elegeram, participando na transformação modernizadora do país”.

Para o edil da Maia, o poder local democrático tem atualmente em mãos, um dos maiores desafios que é, ao mesmo tempo, uma das suas maiores reivindicações de sempre: a descentralização de competências.

A esse propósito, depois de vários avanços e recuos, este ano, começa a ser uma realidade, mas Silva Tiago adianta que é um processo político “que precisa ser melhorado no seu enquadramento jurídico, que carece de ajustamento às necessidades de cada município, no quadro económico-financeiro, que precisa também de ser contemporizado com alguma flexibilidade no seu calendário”.

O presidente da Câmara da Maia avisa ao Governo que “tenha consciência que é preciso mais do que um plano de boas intenções, no qual não estão ainda contemplados métodos e fórmulas de calcular, com responsabilidade e eficácia, os recursos que podem garantir a eficiência, no cumprimento das competências transferidas”. Mas acredita que “o bom-senso e um diálogo leal, franco e aberto, sem prescindir das convicções pessoais e políticas, assistidos por um arrazoado de argumentos sólidos, são os melhores instrumentos para realizar negociações sérias, rigorosas e firmes”.

António da Silva Tiago mostra-se convicto de que a melhor forma de fazer avançar a Regionalização e evitar que a descentralização se torne num “fait-divers” que sirva para tolher essa reforma maior, de que o país tanto precisa, é provando ao poder central, que o poder local democrático é “competente para acolher a partilha de poderes políticos nas respetivas regiões”. Nesse sentido, “a descentralização é, do meu ponto de vista, uma oportunidade para provar isso mesmo: para provar que os autarcas são capazes e competentes para levar a bom porto este exigente desafio, desde que tenham os meios imprescindíveis para o fazer”, justificou.

Ucrânia lembrada nas intervenções

A situação de “autoritarismo e ditadura”, que se vive na Ucrânia, bem como o povo ucraniano que “luta pela liberdade” foi um dos temas centrais nas intervenções políticas com representação da Assembleia Municipal da Maia. Outro dos temas em destaque, nesta cerimónia de comemoração da Revolução dos Cravos foi a desigualdade de género, que dizem ainda ser visível, principalmente no que toca aos salários. Num ponto estiveram todos de acordo, “só faz sentido comemorar se for para colocar esses valores da democracia em prática”.

Também o presidente das Assembleia Municipal da Maia, Bragança Fernandes, não passou ao lado da situação que se vive na Ucrânia. Mas a sua primeira palavra foi para a Câmara Municipal e para a Missão de Apoio à Ucrânia. “Quero publicamente mostrar o meu reconhecimento pelo trabalho feito porque nunca é demais homenagear publicamente quem se envolveu nesta ação humanitária”.

Bragança Fernandes recordou que os tempos “não são fáceis”, por isso, é “necessário cultivar valores como a solidariedade, reciprocidade e humanismo, os três pilares fundamentais na construção da nossa democracia”.

A sessão solene foi abrilhantada com diferentes momentos musicais. A abrir, os convidados puderam assistir ao Ensemble de guitarras do Conservatório de Música da Maia e a encerrar as comemorações o Coral Infantil Municipal dos Pequenos Cantores da Maia.

Na atuação do Coral Infantil Municipal dos Pequenos Cantores da Maia, destaque para a estreia de Mariia Lapina, uma menina de 13 anos que a missão “SORRISOS DE ESPERANÇA – S. O. S. UCRÂNIA” trouxe para a Maia, há cerca de 1 mês. Mariia está já perfeitamente integrada.

O também patrono dos Pequenos Cantores da Maia, Silva Tiago, agradeceu às crianças do Coral sublinhando “a forma solidária, generosa e humanista como receberam de braços abertos a menina ucraniana, facilitando a sua integração e ajudando-a a viver uma situação que não deixa de ser traumática… tenho a certeza que o vosso carinho e amizade estão a ser, para a Mariia Lapina, o melhor que lhe poderia acontecer para que a sua vida seja melhor e para que ela possa aqui na Maia sorrir para a vida…”.

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