Jardins suspensos no Fórum
No âmbito do BaZe – Living Lab Maia, o icónico edifício do Fórum da Maia foi dotado de uma cobertura verde.
Para além da óbvia potencialidade estética, uma das finalidades do projeto é promover a educação e sensibilização para a necessidade de reinventar o sistema de construção em Portugal, com novas soluções que minimizem o impacto dos edifícios nos ambientes urbanos.
O incremento da biodiversidade nas cidades é, porém, uma das maiores vantagens das coberturas verdes. Estas podem ser desenhadas como pontos de conexão da infraestrutura verde e de habitats de espécies existentes noutras zonas das cidades ou como habitat de espécies geralmente menos móveis. Embora as coberturas tradicionais proporcionem habitat para espécies mais comuns, as coberturas verdes especialmente desenhadas para a biodiversidade beneficiam espécies mais raras. Um exemplo curioso foi o caso do reaparecimento do pássaro “rabirruivo-preto”, popularmente conhecido por carvoeiro ou pisco-ferreiro (felizmente ainda abundante na Maia) na cidade de Londres, graças aos programas de promoção de coberturas verdes nesta cidade.
O conceito do projeto para a cobertura verde do Fórum da Maia foi desenvolvido em simultâneo com a análise do espaço. Devido às características do edifício e ao carácter educativo pretendido para o projeto a opção foi por um desenho simples e naturalista com foco na promoção da biodiversidade, que maximiza as zonas de vegetação e permite a visita esporádica de visitantes de forma não invasiva.
O conceito para a cobertura verde do Fórum da Maia concretiza-se especialmente na modelação do terreno e na composição da vegetação, maioritariamente autóctone e com espécies especialmente eficazes na promoção da biodiversidade. As curvas do caminho principal, naturalizado com gravilha estabilizada, e o carácter naturalista das plantações e espécies escolhidas contrastam propositadamente com o carácter rígido e formal do edifício. A vegetação de grande porte existente nos arredores do edifício e presente em todos as zonas da cobertura completam a composição servindo como enquadramento verde.
Relativamente à vegetação priorizaram-se nesta proposta as espécies autóctones altamente adaptadas ao clima da região e promotoras da biodiversidade, tais como Verbena bonariensis, Thymus serpyllum e Corynephorus canescens. Os dois estratos principais de vegetação variam entre espécies mais rasteiras, com cerca de 20 cm e espécies intermédias, com cerca de 1 metro de altura. As suas texturas, cortes e floração proporcionam uma agradável composição visual, que possui interesse sensorial durante todo o ano: mais verde e exuberante na primavera / verão e mais acastanhado e dourado no outono / inverno.
Além de proporcionar todos os benefícios típicos das coberturas verdes, pretende-se que espaço sirva como objeto de educação ambiental para diversos públicos e de contemplação / utilização pontual para os trabalhadores do município e suas visitas. Pretende-se que esta cobertura funcione como um laboratório vivo e, para isso, foram instalados sensores térmicos e de humidade ao longo dos vários layers que a compõem, assim como uma estação meteorológica que se encontram interligados e serão monitorizados por técnicos do ITeCons. O projeto conta ainda com a utilização de um sistema de cobertura verde de design ecológico e produção 100% nacional, baseado em aglomerados de cortiça expandida. Este sistema é fruto de um projeto de investigação de 3 anos (“Green Urban Living – GUL”) entre a Neoturf, a Amorim, a ANQIP e o ITeCons, financiado pela comunidade europeia.
O jardim da cobertura do Fórum Maia pode ser visitado pela mediante agendamento prévio, através do email baze@cm-maia.pt, ou sem agendamento ao terceiro domingo de cada mês.