OPEN HOUSE PORTO vem à MAIA

Depois de um ano de pausa por imposição pandémica, o Open House Porto (OHP) regressa numa versão adaptada que pretende celebrar a relação dos cidadãos com o espaço público.

Serão dois dias de visitas, no fim de semana de 3 e 4 de julho, num formato ainda condicionado pelas restrições impostas pela pandemia, garantindo assim a segurança do público e de todas as pessoas envolvidas na organização.

Excecionalmente, este ano a seleção dos espaços fica ao critério da organização da Casa da Arquitectura em conjunto com as autarquias parceiras.

No ano em que o concelho da Maia se estreia no Open House Porto, emparceirando com Matosinhos, Porto e Vila Nova de Gaia, o OHP vai decorrer em quatro locais de cada município, num total de 16 espaços.

Tendo como mote o conceito “Espaços para Respirar”, a 6ª edição OHP é simultaneamente condicionada e inspirada pela pandemia que pretende não só celebrar esse território redescoberto por muitos durante os confinamentos, como realçar a importância da existência de espaços públicos de qualidade no meio urbano.

A pandemia gerou um novo olhar dos cidadãos sobre o espaço público em todas as suas dimensões, fossem elas as versões exteriores das cidades, como as avenidas, praças, jardins, públicos e privados, fossem os parques urbanos ou as marginais amplas, transformando-os nos únicos espaços de fuga acessíveis à claustrofobia do confinamento.

A expressão “ar livre” ganhou, portanto, um sentido mais literal no tempo que agora vivemos em que assistimos a um verdadeiro renascimento da importância destes territórios e a uma renovada apropriação por parte de todos os que passaram a incluí-los nas suas rotinas de vida.

Nesta edição serão visitadas, na companhia de vários especialistas, quatro espaços exteriores em cada uma das quatro cidades Open House Porto, num roteiro que percorre quintas, jardins, parques, mas também espaços urbanos enraizados na malha urbana.

Todas as visitas serão como habitualmente gratuitas e, pela primeira vez, todas contam com a presença de especialistas convidados de diversas áreas de formação que oferecerão um olhar suplementar e aprofundado sobre os espaços incluídos no roteiro deste ano.

O OHP’21 vai oferecer um itinerário de homenagem aos espaços comunitários de fruição pública e uso coletivo, à sua afirmação e importância crescentes nas cidades contemporâneas.

Este roteiro é acompanhado pelo Programa Caleidoscópio, que propõe um conjunto de atividades abertas e destinadas a todos os públicos.

VISITAS COMENTADAS NA MAIA:

3 de julho, 10h00 – 13h00

Open House Porto

QUINTA DA GRUTA (JARDINS)

Sáb 10h e 11h, Arq. Alberto Vieira / Sáb 12h, Arq. Carla Garrido / Sáb 13h, Arq. Cristina Emília Silva

A Quinta da Gruta foi objeto de trabalho do João Álvaro Rocha durante uma década. Foram desenvolvidos vários projetos como a renovação do palacete, a execução de um parque urbano, a construção de uma escola de educação ambiental, um estudo preliminar para umas piscinas e o desenho de um plano de pormenor para a área envolvente à Quinta. Desta feita, não será possível visitar os espaços interiores, mas podemos arriscar dizer que é possível encontrar-se o essencial daquela longa reflexão nos espaços exteriores. O desenho do parque, afirmava Alvaro Rocha em 2000, não era “verdadeiramente um projeto, mas muito mais uma espécie de matriz conceptual que irá suportar e enquadrar no território os vários projetos a elaborar”. Segundo ele, os espaços exteriores determinaram o edifício da Escola Ambiental, numa relação desejada de interdependência. Em suma, aproveitou a centralidade de que aquela Quinta gozou nas suas origens, que remontam ao início do século XX, para relançar a urbanidade plasmada no plano de pormenor ainda por concretizar.

3 de julho, 15h00 – 18h00

PARQUE URBANO DE MOUTIDOS

Sáb 15h, 16h e 17h, Arq. Carla Garrido / Sáb 18h, Arq. Elia Bernardos

O Parque de Lazer de Moutidos tem muitos significados para além daqueles que se podem constatar numa simples visita ao local. Constitui mais que a transformação de um vazadouro de detritos num local aprazível. João Álvaro Rocha cerziu, naquele que caracterizou em 1997 como um “território marcado por fortes tensões entre a malha construída recente, pequenas áreas arborizadas e outras de uso agrícola”. Respondeu a cada um destes contextos com o desenho de limites de naturezas diferentes. No seu interior, repetiu um elemento base que se altera de acordo com os diferentes usos, à semelhança do seu entendimento do processo de construção da cidade. Mas aquilo que talvez se possa sentir na visita, e que é verdadeiramente a concretização plena do projeto, é o orgulho das gentes que ali vivem, a dignificação dos espaços circundantes num raio de influência que ultrapassa o perímetro próximo, constituindo-se como um catalisador social, tão procurado nestes tempos que vivemos. [Elia Bernardos]

QUINTA DOS CÓNEGOS (JARDINS)

Dom 10h, 11h, e 12h, Mário Aguiar / Dom 13h, José Maia Marques

A Quinta dos Cónegos, na Maia, expressa o espírito do século XVIII e a influência do Barroco. Apelo à construção que maravilha, que transforma a natureza num apelo estético, que molda o gosto à época. A primitiva construção de que há registo remonta ao século XVII, conhecida na altura por Quinta de Barreiros. A atual construção é situada por alguns autores entre 1727 e 1737 (século XVIII), ao mais puro estilo barroco e de forte influência da escola de Nasoni. Espaço de memória, de renovação contínua sem perder o fio condutor do tempo, do barroco aos jardins, da água à pedra, do branco das paredes ao verde da natureza. Nos primeiros anos da década de 90, a Quinta dos Cónegos foi completamente renovada obedecendo ao projeto de arquitetura e decoração do Arq.º António Pinto Leite, ajudado pela dedicada colaboração dos Arq.º Pais de Figueiredo e Eng.º Santos Farinha.


4 de julho, 15h00 – 18h00

ZONA DESPORTIVA DA CIDADE – PARQUE MAIA

Dom 15h, 16h, 17h e 18h, Arq. Susana Carvalho (Divisão Edifícios e Equipamentos Câmara Municipal Maia) e Dr. Paulo Queirós (Divisão Desporto Câmara Municipal Maia)

O Parque da Maia é uma área que encontrou, com naturalidade, a sua inserção no território urbano. O parque configurou-se como o espaço qualificador e agregador de uma série de equipamentos implantados no grande quarteirão da Zona Desportiva da Cidade inscrito pelos seguintes arruamentos: Avenida Luís de Camões, Avenida Altino Coelho, Avenida D. Manuel II e Rua José Rodrigues da Silva Júnior.

A capacidade qualificadora e agregativa do parque está relacionada – quase exclusivamente – com a sua condição de “espaço verde”. Aqui, a palavra “verde” significa uma espécie de matéria vegetal que se pode moldar e conformar no espaço de modo tão diverso como peculiar, pois essa matéria é nas suas qualidades física e biológica, tão variada quanto particular. Para além disso, “verde” também quer significar um certo sistema de categoria de espaço não edificado da cidade, como área sem densidade de construção – em grande parte, com solo permeável, mas também com pavimentos duros de betão e pedra destinados à circulação recreativa – e como área de descompressão de outras zonas da cidade relacionadas com o stress quotidiano, no sentido de garantir um suporte espacial para um amplo conjunto de outras atividades que promovem o bem-estar físico e mental das populações.

Para o novo ordenamento foram importantes as modelações da topografia, a geometria dos percursos pedonais, a inclusão de mais instalações desportivas (cobertas e a céu aberto) e, sobretudo, a valência plástica dos elementos vegetais, quais formas verdes, cuidadosamente selecionadas e implantadas para conformar uma espécie de orgânica agregadora do todo.

3 de julho, 18h00

Quinta dos Cónegos

Open House Porto

MÚSICA NOS CÓNEGOS – CONCERTO PEDRO BURMESTER & QUARTETO SAKURA

Os jardins da Quinta dos Cónegos acolhem no dia 3 de julho, às 18H00, um concerto com o pianista Pedro Burmester e o quarteto de cordas Sakura. Nos dois momentos que constituirão o programa do concerto, serão interpretadas obras de J. S. Bach, F. Schubert, F. Chopin, J. Brahms e G. Mahler. O virtuoso pianista maiato, dotado de um talento invulgar e internacionalmente reconhecido, vai tocar num espaço ao ar livre que lhe é familiar, uma vez que cresceu numa casa paredes meias com a Quinta dos Cónegos em plena Cidade da Maia, a também conhecida Quinta da Francesa que confronta a sul com os Cónegos. É expetável que este concerto, que de certo modo representa uma espécie de regresso às origens, se revista de um especial clima de emotividade para o pianista e, quiçá, por simpatia também para o público, transformando o concerto num evento único e irrepetível, duas das condições essenciais da Arte.

Acesso gratuito mas sujeito a prévio agendamento através do email: agenda.eventos@cm-maia.pt

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