“O que temos feito é ajudar as famílias”

Aida Soares, coordenadora da Comissão de Acolhimento e Encaminhamento do Centro Covid-19

Aida Soares é funcionária municipal há 26 anos. Quando foi convidada para ser a coordenadora da Comissão de Acolhimento e Encaminhamento (CAE) do centro covid-19, aceitou prontamente. E quando familiares de pacientes Covid, agora curados, relembram o percurso dos seus nesta Zona de Concentração e Apoio à População (ZCAP), todos falam na “Dra. Aida” com sorrisos rasgados e gratidão no olhar.
O que temos feito é ajudar as famílias, no sentido lato da palavra. Ou seja, há sempre um denominador comum que pode ser a pandemia, pode ser a Covid, mas há uma vida para além da pandemia, não é? Há situações em que a família não se consegue reorganizar, e em que é preciso também perceber quem fica em casa e não só quem vem para o nosso centro, seja Covid negativo ou positivo. Há toda uma estrutura que não largamos, que é a estrutura familiar. E depois também servimos de mediadores, no sentido em que há frequentemente situações em que o utente vem para cá, mas por alguma razão, como por ter sido Covid positivo, perdeu uma vaga num lar. Aí tentamos recuperar essa vaga, não conseguindo, vamos bater a outra porta, e todas as pessoas que saíram daqui até hoje e que precisavam de respostas sociais, conseguiram obtê-las. A CAE, comigo e com as minhas colaboradoras, tem-se empenhado de forma extraordinária para que a família e o próprio utente tenham uma continuação de vida para além da Covid”. E têm sido bem-sucedidas.
“Temos tido ajudas fantásticas. Há aqui uma interajuda enorme, e é de facto necessário haver este trabalho de equipa nestes dois meses que cá estamos”. Dois meses “de outro mundo”, mas “extremamente gratificantes”.
A funcionar desde 9 de abril, no final de maio a CAE tinha já recebido 72 sinalizações de pessoas a precisarem de apoio social. Esta estrutura, inserida no centro de covid-19 em funcionamento na Escola EB2/3 de Gueifães e criada pela Câmara Municipal da Maia, apoia os cidadãos que a ela recorram – com ou sem covid-19. E Aida Soares está certa da sua importância na comunidade. “Este telefone que nos foi atribuído, se eu o levar comigo para casa todos os dias, tenho a certeza que, numa fase pós pandemia, vai continuar a tocar.”
Aida Soares sabe que muita gente continuará a precisar deste apoio. E afirma, com a voz embargada, que não lhes quer falhar. “Eu trabalho muito com a razão, como é óbvio, mas o coração… é qualquer coisa de gratificante quando se ajuda os outros como se fossem os nossos. É a partir daí que tudo se faz, e que tudo se transforma”.

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